casa dos Horácios
Pra quem não conhece, passar uma semana viajando pelo interior de Portugal, de vinícola em vinícola provando vinhos de cada lugar, pode parecer apenas diversão e prazer. Claro que é divertido e prazeiroso, mas essa é também atividade muito séria para profissionais do ramo . Às dez da manhã, já deixamos mais um hotel e estamos prontos para mais uma degustação. Vamos experimentar pelo menos cinco vinhos diferentes nesta primeira parada. É assim três vezes por dia. Com cada prova de vinhos vem duvidas, perguntas, muitas anotações, críticas e elogios.
Foi assim aqui na Casa Agricola Horacio Simões. Bisavô, avô, filho e netos: quatro gerações na produção de vinhos como o moscatel de Setúbal e o Moscatel Roxo, os vinhos de sobremesa. Uma casa familiar e que por isso mesmo, enfrenta bem tanto a crise quanto as mudanças do clima que provocaram uma pequena baixa na produção.
A moscatel é uva antiquíssima, nativa da Alexandria, mas que se espalhou pelo mundo. Há moscatéis na França, em Portugal, na Itália, na Austrália, no sul do Brasil. Na região de Setúbal , faz-se vinhos de sobremesa com a moscatel de Setúbal, uma adaptação local da casta de Alexandria e moscatel roxo, a variedade tinta. Os moscatéis de Setúbal, 10 e 20 anos são algo de excepcional: quase castanho claros, doces inicialmente, com um amarguinho de compota de casca de laranja no final que é realmente interessante. No copo, o perfume que permanece é o de figos com mel. Os passitos italianos são mais doces, os muscat franceses, mais amadeirados. Estes portugueses, sobretudo os mais velhos, são mesmo vinhos muito especiais.
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