terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um Natal, uma saudade

Adoro o Natal. Não a compração desenfreada, não o apelo comercial, mas a idéia de reunir toda a família em volta da mesa farta, a decoração, o ritual da ceia, isso tudo eu adoro. Gosto de montar a árvore no dia 6 de dezembro e deixar montada até 6 de janeiro e fazer pedido com simpatia pro Dia de Reis com as seis sementinhas de romã.   Tem que comer as sementinhas e recitar: "Eu vos saudo reis Gaspar, Belchior e Balthazar. Dai -me desta semente para ter e para dar."  E depois enrolar o versinho com as sementes e uma nota de dinheiro e guardar por um ano na carteira.
Mas voltando à ceia, outro dia  estava conversando com uns amigos e lembramos das ceias brasileiríssimas, com pernil em vez de peru. Aquele pernilzão que as mães mandavam assar no forno da padaria porque não cabia nos das nossas casas. Edney Silvestre lembrou que na casa da tia dele tinha leitoa. A bichinha assada, do mesmo jeito . Em Minas era à pururuca. Um festival de gordura, mas numa época em que, ou ninguém se preocupava ou  as artérias entupiam menos.  Sei que era divertido. Na casa do meu avô sempre tinha pernil. E o presunto também era enorme, com um ossão. No dia seguinte, no verdadeiro enterro dos ossos, tudo ficava melhor ainda. Mas o que me dá mais saudade são as rabanadas da minha mãe. Todo Natal ela  fazia e eu comia a rabanada quentinha, saindo da frigideira, passada no açucar com canela. Coisa boa pra comer com um cafezinho e tapear a fome, lá pelas sete da noite, pra esperar a ceia que só ia sair  por volta das onze.
E saudade do chutney de manga sempre perfeito que ela fazia no início de dezembro para dar de presente de natal para amigos e parentes. Minha mãe morreu ano passado. E eu ainda tenho um vidro de chutney - que como as boas conservas envelhece ficando cada vez mais apurado - na minha geladeira. Teho usado devagarinho, sobre uma carne assada aqui outra ali. Uso pra matar a enorme saudade que ela deixou. Quando acabar o chutney,vou usar a receita, tentar fazer um meu. Para dar continuidade. Família, tradição, é isso, né?

Um comentário:

  1. Lindo teu blog... sinto pela sua mãe...
    Tenho medo de quando isso acontecer com a minha, que está no outro extremo do Brasil! Mas carinho também tem disso: aproximar as distâncias com pequenos gestos, por exemplo, "economizando" o último chutney...
    beijos

    ResponderExcluir