segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Exagerei, sim, mas foi muito bom.

Exagerei. Foi comida demais. Uma mega ceia que ficou toda muito gostosa, pra lá de gostosa, modéstia totalmente à parte. Eu e minha cozinheira, que também se chama Sandra, extrapolamos. A gente vai cozinhando e vai tendo mais idéias e juntando mais coisas, e vai aumentando e soooobra comida depois. Mas o sabor, isso foi demais. ficou mesmo tudo muito , muito bom mesmo. Ano que vem, prometo ser mais contida. Mentira, não prometo nada. Chega na hora, eu exagero de novo. E me divirto!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Natal de atividades

Natal é sempre intenso. Primeiro há que selecionar e comprar os vinhos tintos e brancos, os champagnes, cavas ou crémants. Ver o que combina com o que. Escolher peru, presunto, determinar que temperos serão usados. Comprar as castanhas e cozinhá-las. As compras de mercado parecem nunca ser suficientes. Até que chega o dia de temperar e marinar os bichos, dois perus e um presunto de sete quilos! Para o presunto, escolhi cerveja preta, açúcar mascavo e suco de tangerina. Os perus são dois, então por que temperar igual? Num vão cebolas e limao siciliano no recheio. No outro, alho poró e tangerinas. A marinada é com azeite, alecrim, alho e vinho, quarenta e oito horas antes para os dois. Ah, e manteiga de ervas nos peitos entre a carne e a pele pra deixar tudo bem macio e suculento. Tem o couscous feito com caldo que leva alho poró, os miudos do peru, cenoura e aipo, tudo temperado com ervas de provence. Sempre misturo na hora, algumas especiarias e todo tipo de castanha, de caju, do pará, nozes, amêndoas que são tostadas levemente no azeite, pra dar mais sabor, e passas, claro. E damascos picados em cubos. O arroz fica bonito e perfumado com um toque de açafrão. A farofa leva cream crackers esfarelados, um pouquinho só de farinha de mandioca, amêndoas laminadas, ervas de provence, tudo bem douradinho e tostadinho, bem crocantinho. E a salada, de folhas verdes e roxas, fresquinhas, com molho de mostarda e mel, talvez com peras assadas em cima. Aí me dá vontade de fazer mais uma coisinha, acho que maçãs cortadas em cubos com polpa de maracujá podem dar um toque ácido para acompanhar essas carnes. De entrada, torradas, paté, salmão defumado com creme azedo e endro. Castanhas portuguesas cozidas com erva doce e especiarias. Cheiro de noz moscada no ar! Hummm, é Natal. Adoro a festa, o encontro da família, a saudade que bate de meus pais, que já partiram. Sobretudo da minha mãe que fazia tantas coisas saborosas e bonitas e assadas, cozidas, pintadas e bordadas nessa época do ano. O que faço é continuar uma tradição. Pois para isso nascemos. Feliz Natal pra todos!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Alentejo na semana do Ano Novo

Vai ao ar na semana do Ano Novo, no Bom Dia Brasil, a série de reportagens que fiz no Alentejo. Está linda. não percam.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Gosto de Brasil

Qual é o melhor queijo de Minas? O da Serra da Canastra ou o do Serro? Que fazeda faz melhor goiabada? O café de luxo do sul de Minas que vai para o mundo inteiro. O cacau do sul da Bahia plantado para fazer o melhor chocolate. O vinho de boutique da serra catarinense. As ostras da Praia do Sonho. Um monte de produtos brasileiros hoje tem a excelência dos melhores ingredientes do mundo. Ando querendo mostar a historia desses produtos e das familias que os produzem numa série de reportagens no formato de documentário. Em 2012, teremos novidades nessa área. Me aguardem!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Vin du Jura dourado de sol

Rubis

Syrah, grenache e carignan

A cor do vinho Croata

Vinhos e mais vinhos, todos especiais

Foi assim na degustação da Decanter promovida no Giuseppe Grill, no Leblon para jornalistas e amantes dos vinhos. A maioria franceses, porque 2011 foi o ano da França para a importadora que fechou muitos contratos com pequenos e especialíssimos produtores franceses. A Decanter tem mesmo essa fama de descobrir vinhos de boutique com ótima relaçao preço qualidade. Mas na desgustaçao de hoje o que mais encantou, além dos saborosos franceses, foram os diferentes vinhos que eles trouxeram da Croácia, da Eslovenia, da Hungria. Vamos lá:
Comecamos com o champagne De Souza, feito por um descendente de portugueses na cidadezinha de Avize, uma delicia de cidade champanheira. Cuvée 3A brut Grand Cru, ums assemblage de tres grand cru: Avize, Ay e Ambonnay. Um champagne sequinho, mineral, refrescante, com jeito de verão. Depois o Vouvray Sec 2007, um vinho feito 100% com chenin blanc, cheio de nuances. E meio um ilatliano, La Rocca 2007, 100% Garganega, surpreendente. Uma pequenissima produção do Veneto: 32 mil garrafas.
E começou a farra: um Rebula Opoka 2007, vinho esloveno. Show que quase deixou o paco um Albariño de Fefiñanes, 2007, das Rias Baixas da Galicia, uma terra em que as vinhas vão quase até a beira do delta do rio e seu encontro com o mar. Sabe a marisco, tem um quê de salgadinho. E então o arraso: um vinho do Jura, o Côtes du Jura Savagnin 2004, sabendo a jerez, daquele jeito que só os vinohs do Jura sabem ser... Mais? Sim, mais! O primeiro dos tintos
Korta Katarina, Plavac Mali 2007, agora um croata! Um ceirinho de anchova, de alicci, totalmente mediterrâneo. E o desfile dos classicos franceses, um Vacqueyras, um Nuits Saint Georges. E então um alemão: Spatburgunder Dernauer Pfarrwingert 2007, um pinot noir interessantíssimo. E um Chinon, feito de vinhas velhas, de 57 anos, cem por cnto cabernet franc espetacular e mais novidades: um Teodor Rdece Selekcija 2008, outro esloveno, que permanece na madeira por 45 meses, quase quatro anos, sim senhores! Imaginem os aromas e sabores que tinha essa jóia. De ainda tivemos um húngaro, produzido por Attila Gere, um merlot muito bom e um siciliano, o Gulfi Nerobufaleffj 2006. Foi um desfile de top models! E não acabou aí porque depois dessa degustação veio o almoço e com ele mais três mimos: um Ferrari, riserva Lunelli 2003 do Trentino com seu gosto de vinho da montanhae do frio, um tinto do Minervois, com seu sabor de grenache, carignan, syrah. Umas das combinaçoes de uvas que mais gosto e pra terminar um Marsala, ah, o Marsala... E uma saudade dos gostos e dos perfumes de uma deliciosa tarde.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

No ultimo dia de Portugal, com Oscar Daudt, Pedro Mello e Souza, Joanna Paraizo, Romulo Marzullo, Robson Alves e Lucas Louis na Bica do Sapato, o restaurante de John Malkovich

Duas línguas diferentes

Duas línguas diferentes


Eu adoro Portugal e seu povo. Sou neta de portugueses de Sabrosa, na região do Douro, um lugar de vinhos divinos. Mas, sem duvida alguma falamos línguas diferentes. Primeiro é a voz do GPS do carro que insiste em nos mandar: "saia na saída". E a gente ri e obedece. Nessa nossa viagem, aprendemos a fazer o pão alentejano, na Herdade da Malhadinha Nova, em Albernôa. Estávamos no inicio da aula e nossa instrutora explicava como misturar a farinha, a água e fermento. Eu perguntei se ela fazia tudo na mão, ou seja, se o preparo era manual, sem maquinas de bater massa. E ela :
- Nããão! Na tigela. De outro modo tudo se escapa!
Ora, pois!

Celebrando essas divertidas diferenças e as inúmeras afinidades, encerro assim nossa viagem aos Caminhos de Portugal.
Até a próxima viagem!

Enviado via IPad por Sandra Moreyra

Last dance

Estamos em Lisboa e é nosso ultimo dia de viagem. Esperamos que vocês tenham curtido nossas impressões de cada lugar, do Alentejo e Setúbal , as observações  sobre os vinhos, os detalhes das comidas que provamos por aqui. O povo português é absolutamente atencioso. São uma gente que a primeira vista por parecer mais  fechada do que é realmente. Depois que a gente começa a conversar, a delicadeza, o carinho são realmente impressionantes. 
E como se orgulham de seus produtos, de sua terra, de seus desafios! 
O trabalho é imenso. Mas essa gente é capaz de coisas incríveis. Vimos uma família que em  treze anos transformou uma terra abandonada em uma fazenda linda, cheia de vinhedos e olivais,  um criadouro de animais, adegas e um hotel de charme. 
Eles domam o solo, a seca, o clima. Estudam e dominam o cultivo de  cada casta de uva. E o vinho que fazem é a legitima expressão da diversidade dessa terra.  Por isso, quando chega a hora de voltar, já temos saudade do que vamos deixar para trás.  
Antes disso, vamos à Bica do Sapato, o restaurante que o pessoal do Papaçorda montou em  Santa Apolônia  em sociedade com o ator John Malkovich e a atriz Catherine Deneuve.  Um  brunch diferenciados contemporâneo  nos aguarda,  depois do festival de tradição que vivemos durante a semana no interior. 

domingo, 13 de novembro de 2011

Os vinhos que melhoraram depois de atravessar o Atlântico.

Vila Nogueira do Azeitão

A cor de ouro dos doces, gotas de sol amarelinho

Ovelha pastando sob os sobreiros, as arvores da cortiça, no Alentejo

O tom dourado dos moscatéis

A quinta Dona Maria

Evora, um quintal de laranjeiras

Rosas, a defesa natural das vinhas

A mãe de todas as oliveiras

Queijo amanteigado, mesa outonal

Adega no Alentejo

Ultimo dia de viagem

 


Estamos em Lisboa e é nosso ultimo dia de viagem. Espero que vocês tenham curtido os posts, as impressões de cada lugar, do Alentejo e Setúbal, as observações  sobre os vinhos, os detalhes das comidas que provamos por aqui. O povo português é absolutamente atencioso. São uma gente que a primeira vista por parecer mais  fechada do que é realmente. Depois que a gente começa a conversar, a delicadeza, o carinho são realmente impressionantes. 
E como se orgulham de seus produtos, de sua terra, de seus desafios! 
O trabalho é imenso. Mas essa gente é capaz de coisas incríveis. Vimos uma família que em  treze anos transformou uma terra abandonada em uma fazenda linda, cheia de vinhedos e olivais,  um criadouro de animais, adegas e um hotel de charme. 
Eles domam o solo, a seca, o clima. Estudam e dominam o cultivo de  cada casta de uva. E o vinho que fazem é a legitima expressão da diversidade dessa terra.  Por isso, quando chega a hora de voltar, já temos saudade do que vamos deixar para trás.  
Antes disso, vamos à Bica do Sapato, o restaurante que o pessoal do Papaçorda montou em  Santa Apolônia  em sociedade com o ator John Malkovich e a atriz Catherine Deneuve.  Um  brunch diferenciados contemporâneo  nos aguarda,  depois do festival de tradição que vivemos durante a semana no interior. 

sábado, 12 de novembro de 2011

José Maria da Fonseca

É uma das mais tradicionais casas produtoras de vinho. Em 1884, quando seu fundador ainda era vivo, mandaram barris de moscatel de setúbal para o Brasil. Não conseguiram vender e tiveram que voltar com os barris. Quando provaram, viram que o vinho estava melhor. De alguma maneira, a travessia do Atlântico havia contribuído para o envelhecimento  do moscatel. Esses vinhos passaram a se chamar os Torna Viagem.  Isso passou a ser feito nos anos de grandes colheitas, ate os anos 50. Hoje apenas os colecionadores possuem tais vinhos, mas em 2000, para comemorar os 500 anos a JMF embarcou seis toneis para o Brasil no Navio-escola Sagres. Hoje eles estão expostos no museu.   Um sétimo  tonel ficou em Portugal e foi chamado de testemunha. Um dia -dizem eles- vão abrir e ver se realmente a viagem melhora os moscatéis. 
Quando a JMF fez 150 anos, novamente embarcou toneis no Sagres, desta vez para uma volta ao mundo. De novo deixaram um em Setúbal como testemunha. E também guardaram o grupo no museu da vinícola. Será que um dia terão coragem de  abrir e  comparar os vinhos?  Melhor manter a lenda, não é mesmo? 

A casa dos Horacios

casa dos Horácios 


Pra quem não  conhece, passar uma semana viajando  pelo interior de Portugal,  de vinícola em vinícola provando vinhos de cada lugar, pode parecer apenas diversão e prazer. Claro que é divertido e prazeiroso, mas essa é também  atividade muito séria  para profissionais do ramo .  Às dez da  manhã,  já deixamos mais um hotel e  estamos  prontos  para mais uma degustação. Vamos experimentar pelo  menos cinco vinhos diferentes nesta primeira parada. É assim  três vezes  por dia. Com cada  prova de vinhos  vem duvidas, perguntas, muitas anotações, críticas e elogios. 

Foi assim aqui na Casa Agricola Horacio Simões. Bisavô, avô, filho e netos: quatro gerações na produção de vinhos como o moscatel de Setúbal e o Moscatel Roxo, os vinhos de sobremesa.  Uma casa familiar e que por isso mesmo, enfrenta  bem tanto a crise quanto as mudanças do clima que provocaram uma pequena  baixa na produção. 

A moscatel é uva  antiquíssima, nativa da Alexandria, mas que se espalhou pelo mundo. Há moscatéis na França, em Portugal, na Itália, na Austrália,  no sul do Brasil. Na região de Setúbal , faz-se vinhos de sobremesa com a moscatel de Setúbal, uma adaptação local da casta de Alexandria  e moscatel roxo, a variedade tinta.  Os moscatéis de Setúbal, 10 e 20 anos são algo de excepcional:  quase castanho claros, doces  inicialmente,  com um  amarguinho de compota de casca de laranja  no final que é realmente interessante.  No copo, o perfume que permanece é o de figos com mel.  Os passitos italianos são mais  doces,  os muscat  franceses, mais amadeirados. Estes portugueses, sobretudo os mais velhos,  são  mesmo vinhos muito especiais.  

A quinta da Bacalhoa

Palácio  e Quinta da Bacalhoa 



O palácio, construído no século XV,  pertenceu aos reis de  Portugal.   No século dezesseis,  os herdeiros do vice rei das Índias reformaram todo o palácio que   ganhou  jardins, fontes  painéis de azulejos . Hoje, a Quinta dá nome a um dos mais  conhecidos vinhos portugueses e faz parte da rota dos vinhos na região de Setúbal. 
Numa das varandas do palácio, transformada em sala de almoço,  tivemos outra aula de historia e de vinhos, à mesa, como preferem  os portugueses. 
Começamos com o espumante  Loridos, servido com castanhas cozidas. 
Onze de novembro é dia de São Martinho, um dia para  comer castanhas e beber vinhos, de acordo com nossos anfitriões. 

O queijo do Azeitão , amanteigadissimo, cem por cento ovelha foi nossa entrada, com um vinho branco com 50 por cento de uvas sauvignon blanc, 25 por cento de semillon e 25 por cento de alvarinho. Com o arroz de pato, tomamos o tinto Quinta da Bacalhoa, com noventa por cento de cabernet sauvignon. E em seguida o Palácio da  Bacalhoa, com mais madeira, mais concentração. Um vinho mais moderno, talvez. Leva 10 por cento de Petit verdot, trinta por cento de merlot e 60 por cento de cabernet sauvignon. Com a sobremesa, um sorvete de queijo com  petit gateau, o moscatel de Setúbal, 100 por cento.  E depois o esperado moscatel roxo, um vinho raro. O moscatel  junto com o Porto e o Madeira forma o trio dos vinhos generosos de Portugal,  os vinhos licorosos. 
Os copos  usados no palácio são desenhados especialmente para vinhos portugueses, tanto brancos  quanto tintos.  Os moscatéis são servidos em copos menores. 

É tempo de castanhas portuguesas

Receita de castanhas portuguesas cozidas com especiarias: 

Molhar em água e dar um golpe nas  castanhas para que os temperos possam penetrar. 

Cozinhar com erva doce, pimenta do reino, noz moscada, canela e sal grosso. 
Quando as cascas praticamente arrebentam, as castanhas estão macias e prontas. 
Hummmmmmmmmmmmm

Quinta Dona Maria de vinhos e amantes

Um local repleto de bons vinhos e  de história. A Quinta foi um presente de 
D. João V em meados do século dezoito a Dona Maria, sua amante. É ela que dá nome aos vinhos feitos aqui por Júlio Bastos, produtor e enólogo. São  vinhos de extrema elegância. 
O rosé é -ao contrário de outros produzidos no Alentejo- muito claro, quase branco. Delicadíssimo. O Amantis viognier, tem um leve defumado, "sabe ao xisto" do terreno em que nascem as uvas. 
Os tintos ricos em especiarias tem toques aveludados.  Diz Júlio que gosta dos vinhos austeros e é  isso o que ele faz. E bem . 
Provas de vinho são aulas para os nossos sentidos. O desafio é que nem sempre a gente está "com boca" para provar, experimentar, apreender. São muitas provas. De manhã, de tarde e à noite. Tres vezes ao dia. cada uma tem, no mínimo, seis vinhos. Provamos, sentimos o vinho e, sim, cuspimos fora. Senão o corpo não agüenta. Mas são aulas incomparáveis. O que se apende aqui, não se esquece jamais. 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Que syrah

É uma brincadeira que o grupo que viaja degustando vinhos pelo Alentejo fez com a canção de Chico Buarque.


Ah, que syrah, que syrah,
Que andam degustando pelas vielas
Que andam sussurrando em versos e provas
E olha que está  longe lá de Bucelas

Provamos vinhas velhas, barricas novas
Estamos perguntando se tem Madeira
Se é um vinho tinto de trincadeira
E já experimentamos a garrafa inteira.
A nos não nos importa, Madeira ou não

Ou mesmo se é Arinto ou Vaz Antão
Já fui pra herdade, quinta e boteco.
E só Água de Pedras cura o excesso.
Tenho um belo blog, não tenho acesso.

Um mundo  sempre novo, o da degustação.
Um monte de guloso, sem educação. 
Atacando a mesa sem solução. 
Sempre falando alto, num bafafá...

E isso não tem jeito e nunca terá
É tudo brasileiro, não  alfrocheiro.
Termina em bebedeira e vermelhidão... 
Mas com o Alentejo no coração. 
A família Cabaço e seus vinhos diferenciados


Estamos em Estremoz, no São Rosas, o restaurante de Margarida Cabaço, produtora de vinhos alentejanos. Provamos o Monte dos Cabaços branco, o tinto e o reserva e o Margarida. O curioso é que Margarida tem uma adega formada por mulheres. Suzana Esteban, da Quinta do Crasto é a enóloga consultora e a enóloga residente é Marta Matos.  Margarida gosta de misturas inusitadas. Junta uvas Alvarinho,  do norte com Antão Vaz, do sul e olha que o resultado é bem legal.  O Margarida tinto tem 96  por cento de  syrah , mas tem 4 por cento de viognier que fazem a diferença. Como uma rendinha, dá uma suavidade, uma delicadeza ao todo do vinho.

Depois, Tiago Cabaço, o filho de Margarida, apresentou seus vinhos: Ponto.com, Ponto.beb e Blog. O primeiro , feito de touriga nacional e aragonês, trincadeira de vinhas velhas e uma gota de cabernet sauvignon.
Um segundo ponto com é um bivarietal, de syrah  com touriga nacional, fruta pura, sem  madeira. Vinhos divertidos, curiosos, muitíssimo bem apresentados pelo produtor.  O Blog 2009 é um vinho  moderno, feito com as tradicionais touriga nacional e alicante bouschet.  E o 2010 tem alicante bouschet com syrah . Ah que syrah, que syrah que andam degustando pelas vielas... Que andam sussurrando em versos e provas...

O Esporão

Um mar de videiras, 400 hectares de vinhas, numa área de mais de mil hectares. Aqui há também azinheiras, pinheiros e um olival de 80 hectares.   
A Herdade é de 1267, mas foi comprada para a produção de vinhos  pouco antes  da Revolução dos Cravos. Desde os anos oitenta,  produz  vinho e azeites que são exportados para o mundo inteiro.  A Herdade do Esporão é uma potência: tem um faturamento anual de 35 milhões de euros, só em vinho. 
Não a toa,  foram eles que criaram o primeiro complexo enoturístico de Portugal.  No momento, o complexo está em  reformas e fica  pronto em março de 2012.
 Mesmo assim, os responsáveis pela Herdade nos receberam para um almoço e prova de vinhos. Começamos com um rosé, feito de uvas syrah e aragonês , o Defesa 2010 para acompanhar pães alentejanos e  os azeites da casa: o seleção, o de galega, o dop moura e o cordovil, além das azeitonas da variedade cobrançosa,  marinadas no azeite e alho. 
As linhas  de vinhos feitos aqui são: Monte Velho, Defesa, Esporão e , claro,  os especiais só engarrafados nos melhores anos: Garrafeira,  de syrah e alicante  bouchez e Torre, feito de alicante bouchez e touriga nacional. 
O almoço começou com a  tosta de pão com salada de polvo e azeite de ervas e depois uma entrada quentinha: cogumelos recheados com o queijo de ovelha alentejano. Com ela, o Esporão branco 2010, um vinho que eles chamam de "branco de inverno", uma mistura das uvas antão vaz, fermentadas em inox  com  arinto e roupeiro, estas fermentadas em barricas de madeira. 
Em seguida, o bacalhau Esporão, servido com o Garrafeira- private selecion  , 2010, com noventa por cento de semillon branco.  O assado  de porco alentejano também à moda da casa já foi harmonizado com tintos. O private selection , garrafeira 2008 e o torre, 2007- que ainda não entraram no mercado.  Uaaaau! Entendam: são vinhos  especialisssimos  que não foram lançados ainda para a venda. E nós experimentamos em primeiríssima mão.  De sobremesa, a Sericaia, um doce típico e delicioso. Este com um Tawny, 10 anos da Quinta dos Murças, um Porto.  Uma refeição para jamais esquecer na vida! 

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Herdade Grande, na Vidigueira. A genealogia do vinho

Nesta herdade, tivemos a oportunidade de aprender  como  os vinhos amadurecem nos tanques, nas barricas e depois na garrafa. Provamos vinhos que ainda nao estavam prontos, direto dos tanques de inox.  Vinhos brancos de uvas Antão Vaz e de Verdelho. E também tintos de touriga  nacional com touriga franca e um já separado para ser o reserva, o vinho especial da casa, feito de alicante  bouchez, trincadeira  e  touriga nacional. 
Vimos como são engarrafados os vinhos,  com o uso de maquinas, mas ainda de maneira bem artesanal. 
Das oliveiras, de azeitonas galega e   cobrançosa  , faz se o azeite da herdade grande. Este nao é prensado aqui, mas na cooperativa.  
A propriedade  tem 350 hectares de planície alentejana:  60  hectares de vinhas, 40 de oliveiras e o restante de cereais e pasto.  Aqui vimos as vieiras protegidas por tubos plásticos, uma a uma. São defesas contra as lebres e as fuinhas. 
O  carismático Antônio Baião Lança é o  proprietário. A família dele faz vinho no Alentejo há 100 anos.  A filha, Mariana Lança   é engenheira agrônoma , com mestrado em enologia. O que o pai fazia por intuição, na base da experimentação, Mariana faz com a técnica aprendida na Universidade.

Herdade da Malhadinha Nova

Passamos a tarde e a noite na Herdade da Malhadinha Nova. Os proprietários, jovens portugueses de família sem tradição no mundo dos vinhos. Pois em treze anos compraram a herdade em ruínas e a transformaram mim modelo de produção de vinhos especiais e hotel de turismo rural. Trabalho, dedicação, esforço. Hoje não sabem o que é crise. Tem mercado em Portugal e exportam para vinte países. São um exemplo para se seguir.
Quintas e Herdades

No universo dos vinhos portugueses, vamos sempre que são produzidos em Quintas e Herdades. Aqui no Alentejo aprendemos de onde vem essa nomenclatura. No século XII , os portugueses expulsaram os mouros, que haviam invadido toda a Península Ibérica. A expulsão começou pelo norte do país em batalhas terríveis. Quando tomavam as terras, os nobres as ocupavam e exploravam. Foi feito então um acordo com o rei D. Afonso Henriques: um quinto da produção da terra , iria para o rei, como imposto.  Daí o nome quinta. Quando a expulsão dos mouros chegou ao sul, as terras eram mais pobres e menos produtivas, porém mais vastas, na planície. Os guerreiros mudaram o acordo. Essas terias seriam passadas de pai para filho, como herança, sem qualquer imposto. Nasceram aí as herdades. 
Até a próxima. 

Sandra 

Partindo para o Alentejo

Nosso equipamento, enfim foi todo liberado pela Alfândega. Ouvimos inclusive o comentário da funcionária de que-com os documentos que tínhamos apresentado ao chegar,  não havia razão para o equipamento ter sido apreendido.  Paciência.  Mais sossegados, partimos para o Alentejo. Nosso destino é Albernoa, na Herdade da Malhadinha Nova, onde se produzem grandes vinhos alentejanos. Já estamos na estrada. 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Lisboa e seus encantos 

Nosso equipamento continua preso na alfândega portuguesa. Com ajuda do pessoal da Globo Portugal e do Consulado Português em São Paulo, conseguimos a liberação. Mas tudo só será possível nesta terça-feira, dia 8 de novembro, portanto e depois do meio dia. Nem adiantou estressar. Então fomos ao Paco, uma simples marisqueira na  Avenida de Berna, 46. Eu já conhecia a casa desde 2008, quando  cá estive, como dizem os lisboetas, para gravar a série 1808, A Corte no Brasil para o Bom Dia e a GloboNews.  Era no Paco que conseguíamos jantar depois de um dia inteiro de gravações. Este ano, em março, estive em Lisboa novamente e retornei ao Paco. Fiquei contente de ser reconhecida pelo dono. Pois hoje de novo, foi só entrar e ele me reconheceu e nos atendeu com o maior carinho. Almoçamos um arroz de mariscos que tinha lagosta, camarão, mexilhões, amêijoas, tudo ocupando é bichinho do mar. E fomos muito bem servidos. Sem equipamento, mas de barriga cheia. Agora estamos na torcida para que amanhã dê tudo certo.  Torçam por nós. 

Até
Sandra Moreyra

Equipamento preso na Alfandega

Pela primeira vez, tivemos todo nosso equipamento preso na alfândega. Domingo era dia de operação padrão e de funcionários mal humorados. O funcionário que apreendeu todo o nosso material nos explicou que normalmente não teríamos problema de entrar com o equipamento em Portugal. Temos todos os documentos e notas, uma exigência da receita federal no Brasil, mas aqui-explica ele- uma antiga lei, que normalmente não é levada em consideração- obriga a termos um despachante português, que ateste junto às autoridades que vamos voltar com o mesmo equipamento que entrou no país.  
"Tenho a certeza de que vocês são pessoas de boa índole" - nos diz o funcionário zeloso de deu oficio. " Mas o despachante é nossa garantia." 

Creio que enfrentamos aqui os pais da burocracia brasileira. Eles têm muito mais  tradição no  ramo, anos de experiência. Agora vamos passar o domingo atrás de um despachante oficial. 
Alias, despachante, gente,  só nesta segunda feira. Eles não trabalham no sétimo dia, claro. 
Na segunda, foi um dia inteiro de rodar atras de despachantes que queriam dos cobrar os olhos da cara pela liberação do material. Um drama.
A Lisboa das Sete Colinas e das calçadas  de pedra

Nossa primeira parada é em Lisboa, uma cidade agradável, com seu jeito antiguinho. A cidade tem  sete colinas, portanto muitas ladeiras,  ruas estreitas,  muitas de paralelepípedo.   Adoro os pisos de mosaico de pedra, cada um mais bem feito do que o outro. Pois é , essa é uma grande diferença: as pedras portuguesas daqui, são muito mais bem colocadas do que as nossas no Brasil. Não se vê um desnível. As pedras ficam todas bem juntinhas e são tão polidas que parecem enceradas.  Os calceteiros portugueses são mestres. Uma vez vi uma lisboeta toda chique, andando sem vacilar,  perto do Mosteiro dos Jerónimos,   do alto de  escarpins  louboutin, aqueles de sola vermelha e salto agulha. Imaginem se fosse na Cinelândia , no Rio! 

Hotéis Design

Os portugueses são apaixonados por design. Nas ruas do Chiado e do Bairro Alto, fazem sucesso as lojas de móveis e objetos assinados por grandes desenhistas. Os hotéis com projetos bem contemporâneos também se espalham por Lisboa. 
primeiro veio a onda dos hotéis boutique,  feitos tem casarões antigos, restaurados e modificados para se transformar em pequenos hotéis personalizados. Depois a onda do design. Alguns aproveitaram antigos armazéns,  que transformados em hotel mantém a fachada com imensas janelas e  dentro,  guardam a surpresa de uma decoração  com inspiração japonesa.  O Jerónimos 8 ,  pertinho do Mosteiro e dos pasteis, em Belém, inova até no nome, que é exatamente o  endereço do nosso hotel.  E a decoração é o mais puro design europeu.  Limpa, poucos objetos, tudo bonito. 

Sea Me, Feel Me

Sea Me, com trocadilho, é um misto de peixaria, sushi bar e restaurante contemporâneo.  Fica na rua do Loreto, 21, próximo a Praça Luis de Camões , no Chiado, e tem os pescados mais frescos do planeta, que vocês podem ver na galeria de fotos do Lucas Louis.  
Conhecemos o grupo  de jornalistas que vai fazer parte da visita, todos jitó simpáticos. O melhor foi provar vieiras escocesas, gigantes, levemente grelhadas, chocos ( uma espécie de lula) empanados em sua tinta preta com molho teriaki,  sushi de sardinha portuguesa, morno, surpreendente e  fresco, tentáculos de  polvo braseados,  e  uma garoupa  assada na grelha cheia de sumos naturais, tudo regado no simples azeite português e  em companhia de vinhos brancos , Alvarinhos  perfeitos. Surpreendente é ver que um restaurante como o Sea Me , com um serviço impecável não cobra uma fortuna. O preço é honestíssimo: os  pratos  custam de 15a 20 euros. Os peixes, você compra como numa peixaria, paga por quilo e mais 3 euros pelo preparo.  Um lugar  que vale ser visitado e revisitado, ora pois. 

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

De novo em Portugal

Vou viajar de novo para Portugal. Agora para conhecer vinícolas no Alentejo, Algarve e Península de Setúbal. Estou animadíssima com a idéia de retornar a essa terra tão generosa. De 6 a 13 de novembro, com uma temperatura excelente, o uase frio do outono em terras lusas, vou comer bem, experimentar bons vinhos e ouvir aquele falar tão querido. Muito bom. aguardme novidades aqui no blog.

domingo, 7 de agosto de 2011

O prazer de comer

Estou trabalhando em temas para um livro sobre o prazer de comer. Pedi aos amigos do Facebook que me mandassem mensagens sobre o alimento que dá mais prazer de comer todas, absolutamente todas as mensagens que recebi têm alguma coisa a ver com afeto. A comida pode variar de um simples brigadeiro a algo de diferente e luxuoso. Mas tudo na comida remete ao emocional, ao afetivo, à memória de coisas boas e reconfortantes. Claro, a gente sabe que comer tem tudo a ver com prazer oral, que remete ao materno, ao alimento primordial. Não precisa ser Freud pra explicar isso, mas não deixa de ser curiosa essa unanimidade. Quando tiver mais volume de respostas, vou postar as mais interessantes.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Prova dos vinhos

Outro dia fui convidada para uma degustação de belos vinhos argentinos. Bons vinhos,ótima companhia: a degustação foi conduzida pelo sempre competente Marcelo Copello e lá estavam, entre outros, Dayse Novakovsky e Bruno Agostini. Então teve boa conversa também, que afinal, é imperativo quando a gente está experimentando aromas e sabores. A degustação foi no Oro, restaurante do Felipe Bronze que é um chef de mão cheia. Tudo maravilhoso. E eu fui de IPad na mão pra testar um novo programinha- porque ando viciada em baixar aplicativos- de fichamento de degustação de vinhos.
Uma tetéia a primeira vista, o tal programa se revelou foi muito chato. Talvez os antigos enochatos, chatos forever, apreciem. Mas é muito detalhe pra essa pobre marquesa. Pefiro ficar com a memória olfativa e gustativa, entrar na bincadeira de provar os vinhos, curtir o barato da experimentação sem fazer muitas fichas. Eu nao teria a menor chance de virar uma enometidinha...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Em casa, com o neto

Meu neto Francisco tem seis pra sete anos e um paladar típico de criança dessa idade. Come de tudo. Tem alimentação saudável. Não toma refrigerante, nem come açúcar em excesso, consome orgânicos regulsrmente. Enfim, uma criança contemporânea. Veio passar dois dias comigo. Na hora do almoço hoje pediu uma massa. No supermercado, escolheu pene italiano. Fiz meu molho de tomate, mas ele quis a massa só com azeite e parmegiano regiano ralado. Comeu feliz. Disse que o melhor do macarrão é o sabor da massa. A gente pouco pensa nesses detalhes quando cozinha, mas ele está certo. Se a massa já é saborosa, fica melhor ainda com um bom molho!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Em Floripa

Chegamos a Florianópolis e vamos trabalhar o dia todo. Aceitamos sugestões para um bom jantar. Pra não entrar em furada...

Uma furada

Era só um dia. Uma viagem curta a Porto Alegre, com meu amigo, o supercâmera Lucio Rodrigues, que é gaúcho e o operador Vitor Albuquerque. Combinamos jantar num rtaurante de carnes. Vi no guia da Veja para iPhone, o Lucio procurou também e fomos a um restaurante chamado Barranco. A picanha veio um pouco passada demais. Um crime. Pedi cordeiro mamão, sonhando com a maciez de um animal de leite. Também estava pra lá do ponto. O garçon ainda esqueceu as batatas fritas, a salada de radicchio e trouxe água com gás em vez da coca que o Lucio pediu. E era o melhor?

terça-feira, 29 de março de 2011

Sabores e saudades de Portugal

Voltamos agorinha mesmo de Portugal. Quinze dias deliciosos, de muitos passeios. Uma viagem pelas estradas cheias de curvas das aldeias, pelo mundo azul dos azulejos, pelas marisqueiras e suas ameijoas, e lavagantes e sapateiras, pelos peixes assados no ponto, úmidos e suculentos. Pelos queijos da serra amanteigados e que nos fazem derreter. Os perfumes de carvalho dos presuntos de porco preto, os perfumes e sabores dos vinhos, dos muitos vinhos e  os tentadores doces de ovos de tudo quanto é jeito e lugar. Tenho muitas fotos para postar e endereços a deixar neste blog. Aos poucos vou postando as dicas da viagem. Tenho a dizer que foi bom. Intensamente bom.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Restaurantes cariocas

Neste fim de semana, fui a três restaurantes cariocas. Três propostas bem diferentes. Fui feliz nos três lugares. Na sexta, o eleito foi o Eñe, o espanhol que fica dentro do Intercontinental. O Eñe é invenção dos irmãos Sergi e Javier Torres. Aqui é conduzido por uma equipe brasileira muito bacana, da qual fazem parte o filho de uma amiga e um amigo de meu filho...  Estávamos, eu e meu marido, comemorando 40 anos de namoro. E tomamos um Anima Negra pra celebrar. Ele comeu um bacalhau al pil pil e eu um atum maravilhoso, bem tostadinho por fora e cru por dentro. A noite foi perfeita. No dia seguinte, fomos ao cinema com meus cunhados e depois jantamos no Artigiano, um restaurante italiano, familiar, que fica no Jardim de Alá e tem ótima relação qualidade preço. Comi meu pedido indefectível lá, um garganeli com vieiras e aspargos que é de uma leveza incrível. Tomamos um branco Greco di Tufo que casou perfeitamente com nossos pedidos. No domingo, almoçamos quando já eram quase oito da noite. Uma fome louca. Fomos ao CT Boucherie, inaugurado há dois meses e que eu não conhecia. Amei. Carnes divinas, atendimento de primeira. Acompanhamentos deliciosos para os grelhados. A salada morna de shitakes e a  purée de maçã com maracujá são de comer de joelhos. Minhas costeletas de cordeiro estavam especialmente no ponto. Foi um ótimo fim de semana.